Fotos: André Carvalho / BN Hall
O Hotel Deville Prime, no bairro de Itapuã, em Salvador, foi o cenário da 2ª edição do Simpósio do Hospital da Obesidade, realizado na manhã deste sábado (10). Iniciando a programação, o diretor técnico, Dr. Sérgio Braga, apresentou aos convidados números referentes ao total de pacientes atendidos e exibiu um vídeo detalhando a experiência oferecida pelo hospital.
Em seguida, a nutricionista Dra. Nathércia Percegoni subiu ao palco do auditório e evidenciou aspectos importantes que levam à obesidade, compartilhando formas de realizar um diagnóstico mais preciso e indicando como o profissional de nutrição deve atuar diante desses casos. Entrevistada pelo BN Hall, a especialista em fisioterapia funcional, que trabalha há 25 anos com foco na doença, explicou a importância de uma avaliação assertiva.
“A obesidade tem inúmeras causas, inúmeros fatores, e a alimentação está no centro disso. As pessoas perguntam muito qual dieta é melhor para emagrecer, em que momento, por quanto tempo, quantos quilos… Quem é da nutrição sabe que não existe uma resposta única, porque você tem que avaliar o indivíduo”, salientou. “É preciso entender qual é a causa dele ou qual é o somatório de causas, porque, às vezes, a mesma pessoa pode ter várias. E aí precisa fazer um rastreio muito grande, uma anamnese para entender essa pessoa (...). Se o problema for fome, então vamos modular a saciedade. Se o problema for o intestino, vamos melhorar a microbiota. Dependendo do problema que você encontra, a dieta é específica para aquele problema, ela é direcionada”, completou.
Ainda na conversa, ela pontuou que a doença é crônica e não tem cura, mas destacou que a mudança de vida é um fator crucial durante o tratamento, que pode melhorar a qualidade de vida do paciente. Ela também avaliou que as pessoas, nos dias atuais, tendem a buscar o imediatismo, mas reforçou: “O evento é muito bom porque trouxe essa transdisciplinaridade, até para mostrar que a obesidade é uma doença complexa e problemas complexos não têm soluções simples. Às vezes, as pessoas querem simplificar muito: ‘Ah, basta contar calorias, basta tomar o remédio’. Não, na verdade, você precisa unir todas as estratégias nutricionais, psicológicas, médicas, além de contar com um bom profissional de educação física. Só assim conseguimos tratar a obesidade, que é uma doença crônica, sem cura e reincidente. Ou seja, não é fácil tratar (...). Quando é uma doença crônica, não dá para fazer um tratamento agudo; o tratamento tem que ser crônico”.
Após uma pausa para que os convidados pudessem participar de um brunch, o Dr. Victor Sorrentino deu início à sua palestra, abordando as consequências da obesidade e como a doença pode desencadear outros problemas de saúde. Em entrevista, ele citou a diferença provocada pelas diferentes fases da faixa etária.
"Quanto mais precoce o sobrepeso e a obesidade, maiores são os danos a curto, médio e longo prazo. Não só pelo tempo de exposição, mas também porque existe uma fase de maturação da qual dependemos. Por exemplo, precisamos de movimento, de um sono reparador e de que o cérebro tenha paz, em vez de ficar sempre muito estimulado, seja com telas ou com alimentos, especialmente os ricos em açúcar. Portanto, a nossa tendência hoje é muito sombria (...). Ainda não temos um entendimento completo do que pode acontecer a uma criança ou adolescente que, nessa fase, já apresenta sobrepeso, o que antigamente era raro, pois era difícil comer em excesso ou ficar sedentário. As crianças gostavam de brincar na rua, e, mesmo que ganhassem um pouco de peso, geralmente isso se devia a uma tendência genética, que tem um papel de, no máximo, 15% a 20% no desenvolvimento do sobrepeso e da obesidade", disse o Dr. Sorrentino, pioneiro da Medicina Funcional Integrativa no Brasil, que também é neurocientista, professor e autor dos livros “Segredos para uma Vida Longa” e "Quebrando Tabus da Medicina".
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