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Soteropolitano Notícias

Veto ao sexo pode ser prejudicial a perfomance de atletas durante as Olimpíadas, apontam especialistas

Foto: Reprodução / Instagram / @tomdaley


A um dia da abertura das Olimpíadas de Paris 2024, o Brasil segue sendo alvo de muitas polêmicas e discussões nos seus bastidores. Em meio a falta de envio de uniformes, baixas na competição e relação estremecida entre Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e atletas, a pauta das “Camas Antissexo” voltou à tona novamente entre fãs, competidores e internautas nas redes sociais. No vídeo abaixo, o nadador britânico Tom Delay publicou um trend onde testa o material fornecido.


 "Sempre se fala muito sobre as camas na Vila Olímpica, então aqui está o aspecto delas", escreveu Delay. 

Idealizada nos Jogos de Tóquio 2020, o móvel ganhou notoriedade no mundo inteiro por conta do material utilizado para a sua confecção: o papelão. Em 2021, ano em que a competição foi realizada por conta do atraso causado pela pandemia da Covid-19, o tema tomou força após o corredor Paul Chelimo, do Quênia, reclamar de uma ação supostamente imposta pelo Comitê Olímpico. 


"As camas que serão instaladas na Vila Olímpica de Tóquio serão feitas de papelão, o que visa evitar a intimidade entre os atletas", disparou o atleta. 

Apesar da polêmica envolvida, o Comitê já alegou oficialmente que não proibe os atletas de terem relações sexuais durante as Olimpíadas, tendo em vista que oferece preservativos para todos os seus competidores, dando ao termo “antissexo” um configuração de cunho mitológico. 

Segundo uma afirmação da imprensa internacional, Brett Thornton, ex-jogador de futebol australiano e diretor da empresa que confecciona as camas, afirma que o papelão tem o objetivo de dar mais resistência e conforto do que os modelos tradicionais feitos com madeira.


No entorno da discussão entre a ideia de impedir ou não o ato de “fazer amor”, muito se questionou se a prática sexual  - ou a falta dela - pode afetar no descanso, no sono, no desempenho ou na performance do atleta durante a competição. O Bahia Notícias entrou em contato com profissionais da medicina familiarizados com o assunto para explicar o tema.

De acordo com Luiz Sapucaia, ex-médico do Bahia que atuou por 20 anos no clube, o fato da prática sexual atrapalhar o desempenho dos participantes durante as competições não passa de uma “celeuma” muito antiga, mas no entanto, alguns cuidados devem ser tomados, principalmente em relação ao tempo e a intensidade do ato. 


“Em caso do atleta fazer sexo em um período de duas horas antes da competição, a depender da intensidade, pode até faltar força. No geral, o ato é até psicologicamente melhor, pois tira o estresse. O sexo libera endorfina, deixando o atleta mais leve e mais tranquilo. É um assunto muito controverso, eu acredito que talvez o cuidado seja mais com relação a bagunça mesmo. Do ponto de vista do desempenho, se o competidor mantém uma relação após o treino ou a atividade, eu não vejo nenhum problema fisiológico, lógico que resguardando a intensidade do ato”, explicou Sapucaia.

O médico, que também atua no Comitê Olímpico Brasileiro, conta que um cuidado deve ocorrer entre os atletas mais jovens, pois a falta de experiência e da prevenção poderá vir a causar riscos no futuro, como a gravidez inesperada.

“A gente viaja com um volume de muitos adolescentes e muitas crianças, eu vou citar o exemplo do skate, que tem atletas de 14 anos ou 15 anos de idade, né? Eu acho que passa muito pelo cuidado, do que isso pode interferir na atividade física e no que pode interferir  na execução daquela especialidade olímpica que ele vá competir. Eu acho que há mais um cuidado do COB para que não haja o risco de uma gestação inesperada. Você viajar com atletas menores de idade sob a responsabilidade do COB ou até mesmo jovens que não sejam menores, mas que estejam embalados pela emoção, dá o risco de acontecer alguma coisa dessa. A proibição seria mais um fator limitante para esse jovem evitar o risco de uma relação sexual inesperada”, concluiu.

DESCANSO E SONO 

Em meio a tantas questões e preocupações relacionadas a performances dos representantes do Brasil nas olimpíadas, outro ponto questionado no item “cama de papelão” é o dormir, o sono, e descanso.  Para o especialista em medicina do sono, Francisco Hora, as “camas-antisexo”, podem atrapalhar a dormida de muitos profissionais esportivos durante o período olímpico. 

 

“Vão influenciar negativamente, eu não tenho dúvida, pois fogem ao padrão habitual. Em viagem em uma pousada, ou hotel, por exemplo, tem até cardápio de travesseiro. Claro que o ambiente influencia, um ambiente barulhento, quente, um ambiente de um travesseiro desconfortável. Isso varia, muda em função da pessoa, altura, peso, padrão de dormir”, explicou. 

 

“Então essa história do papelão é panaceia, não muda nada, isso só vai atrapalhar, porque um atleta está acostumado a dormir em colchões diferentes, em ambientes diferentes, porque a vida dele é de competição. Ele vai disputar em outro país, em outra sede, em outro canto, ele está acostumado a dormir em hotel, essas coisas.O que essa cama de papelão vai trazer de extraordinário? Nada, pelo contrário, vai ser mais uma necessidade do profissional se adaptar àquilo, isso vai atrapalhar mais do que ajudar”, revelou Hora. 

 

Ainda se falando no dormir desses atletas, o especialista explicou que a relação sexual neste período de competição pode servir como um estímulo e contribuir para  um bom descanso durante a preparação. 

 

“O que acontece é que o sexo não é só físico, ele é mental. Existem pessoas que precisam ter uma atividade sexual relativamente previsível. Estamos falando de jovens saudáveis, atletas com os hormônios lá em cima. [...] Uma relação sexual, no que eu digo, nos parâmetros fisiológicos normais é um excelente estímulo para ele produzir mais no dia seguinte. E o sexo para o sono é um grande indutor, está descrito isso fisiolagicamente. O maior relaxante para uma boa noite de sono é o orgasmo, o atleta tem uma descarga neuronal e vai dormir bem e  aliviado. O atleta jovem, cheio de hormônio, saudável, em plena forma”, observou. 

 

“Transformar o sexo numa adversário da prática, da boa prática é uma estupidez sem precedentes, é uma coisa medieval, é um absurdo que os fisiologistas esportivos ainda se detenham nisso”, contou o médico.  

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